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Para se ser bom tradutor, antes de mais é preciso ser bom leitor.
Só um bom leitor poderá ser capaz de escrever bem, de reproduzir e recriar na sua língua materna textos que leu em outras línguas.
As leituras de influência e de referência não se limitam à literatura, mas talvez estejamos todos de acordo quando ouvimos dizer que os livros ajudam a compreender o mundo e permitem que o possamos reproduzir de muitas e variadas formas.
A criação do Clube Literário da APTRAD tem como finalidade oferecer aos seus associados – e não só – a oportunidade de ler e debater determinados livros, quer com os seus autores, quer com os seus tradutores.
Estes encontros literários – que gostaríamos que fossem dinamizados em várias cidades – serão uma oportunidade para conhecer novos autores e com eles conversar e debater ideias sobre a criação literária, os processos de escrita, os entraves à edição, o mercado editorial. Os encontros com tradutores serão também o palco ideal para partilhar desafios, dúvidas, hesitações que surgem durante a recriação e reescrita de um texto literário.
Seja qual for o nosso lugar no mundo da tradução e da interpretação, todos podemos usufruir e ganhar com estes encontros com a palavra escrita e dita na nossa língua.
Sendo o Clube Literário da APTRAD vocacionado e dedicado aos profissionais do nosso setor profissional, as nossas sessões estarão sempre abertas ao público em geral – esta será também uma oportunidade de divulgar junto de todos a nobreza da nossa profissão, ajudando a dignificá-la como ela o merece.
Estão todos convidados – podemos contar com a vossa presença?
Biografia:
Maria da Graça Pereira. Nasci em pleno mês de festas, sagrado mês de dezembro, em que se celebra a família, a amizade e também o nascimento de Cristo. À exceção dos comerciantes, que trabalham imenso nesta altura do ano, os restantes mortais aproveitam para marcar jantares e encontros, que se não fosse o propósito das festas natalícias nunca aconteceriam.
Talvez por isso eu seja adepta do ócio. Mas sou por natureza curiosa e irrequieta, com grande dificuldade em estar sem fazer nada. Se juntarmos tudo isto ao tédio das minhas férias grandes na infância e juventude, temos o cenário perfeito que me conduziu aos livros. Podemos muito bem dizer que há males que vêm por bem. Aos livros, esses nunca mais os larguei, faltando-me agora momentos de tédio, de ócio e, claro, os desejados tempos livres para a leitura.
Para os mais interessados em assuntos corriqueiros, tenho 55 anos, estudei Línguas e Literaturas Modernas na Faculdade de Letras do Porto (what else?) e aventurei-me anos mais tarde num mestrado em Literatura Portuguesa (what else?, parte 2). Tive o imenso prazer de trabalhar durante 10 anos na editora Campo das Letras, que como tudo o que é bom acaba, e depois disso dediquei-me a aprofundar a minha experiência profissional neste mui nobre ofício da tradução. E cá estou, até hoje, e na expectativa de cá continuar.
Descobri, enquanto freelancer, que é possível trabalharmos e mantermos um equilíbrio entre a esfera pessoal e privada; é fantástico podermos estar, muitas vezes, longe da rotina, pois todos os projetos podem ser diferentes uns dos outros; estamos sempre a tempo de aprender, de descobrir coisas novas; trabalhar com o friozinho da incerteza ajuda-nos a manter uma postura perante a vida – nada é garantido.
É claro que os livros nos dizem isto tudo, de outras formas e latitudes, mas a essência está sempre lá. Só é preciso encontrar o livro certo.