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Hoje, conversámos com Val Ivonica, sobre alguns aspetos da sua profissão, sobre a importância do associativismo e ainda sobre alguns conselhos para a nova geração de profissionais.
APTRAD: Fale-nos um pouco sobre si, sobre como começou a sua carreira e o que é que a levou a escolher esta profissão?
Acho que posso dizer que eu não escolhi a carreira, ela que me escolheu. Eu tinha uma livraria dentro de uma universidade aqui em São Paulo, e um dia entrou uma aluna desesperada porque tinha esquecido de mandar traduzir o abstract de um trabalho que precisava entregar no dia seguinte. Para sorte dela, era um texto de bioquímica, que era um assunto que eu conhecia bem em inglês e português depois de cinco anos na faculdade de química industrial, então eu mesma traduzi. Sorte minha, também, porque descobri que gostava de fazer isso. Vinte anos depois, continuo fazendo.
APTRAD: Como descreveria um “dia normal” na sua vida profissional?
Na nossa profissão é meio difícil ter uma “rotina”, no sentido mais tradicional da palavra. É comum atendermos ao mesmo tempo vários clientes diferentes, em vários fusos horários diferentes, com vários projetos diferentes. Estarmos com a agenda toda organizadinha e de repente chegar um e-mail com um projeto urgente e precisarmos reorganizar tudo.
Então, o que precisa ser rotina é manter a agenda (no meu caso, o Todoist) sempre em dia para conseguir dar conta de tudo: traduzir, revisar, pesquisar, dar aulas, aprender, se exercitar, relaxar.
APTRAD: É membro de alguma associação/organização profissional? Se sim, o que a levou a associar-se e, se não, porque ainda não o fez?
Sou membro da Associação Brasileira de Tradutores e Intérpretes (Abrates). Servi na diretoria uma vez como secretária e duas como vice-presidente. Hoje não faço mais parte da diretoria, mas continuo colaborando sempre que posso. Coordeno o processo de credenciamento desde 2017.
Participar de uma associação demonstra seu compromisso com a profissão. Mostra que você não é “paraquedista”, não considera a tradução um “bico”. Além disso, é uma forma de nos unirmos para objetivos comuns. A união faz a força etc. e tal.
APTRAD: Pela sua experiência, o que faz um “bom” profissional nesta área?
Nossa profissão tem tantos nichos diferentes que é até difícil definir o que torna uma pessoa “boa profissional”. Mas algumas qualidades que são importantíssimas em todos os nichos são: ética, responsabilidade, perfeccionismo (mas não demais, senão mais atrapalha do que ajuda), interesse na parte tecnológica da profissão (a tecnologia pode ser nossa aliada; se alguém vai ganhar dinheiro com ela, que sejamos nós), vontade de aprender sempre, de investir em educação continuada, saber dizer “não” quando perceber que não vai conseguir cumprir um prazo ou entregar uma tradução bem-feita e não ter preguiça de pesquisar. Quem não gosta ou tem preguiça de pesquisar não deveria traduzir/revisar/interpretar.
APTRAD: O que gosta mais e o que gosta menos na sua profissão?
Uma das coisas que eu mais gosto nessa nossa profissão é que raramente um dia é igual ao outro. Aqui, pelo menos, estou sempre pesquisando coisas diferentes, traduzindo ou revisando jogos diferentes, traduzindo ou revisando assuntos diferentes nos meus textos da área médica. Adoro essa variedade! E adoro ser paga para aprender. Todo dia aprendo uma coisa nova, e isso é uma delícia.
APTRAD: Que conselho daria a alguém que quer tornar-se tradutor e/ou intérprete?
Leia tudo que aparecer pela frente. A gente nunca sabe o que vai chegar para traduzir semana que vem. Faça todos os cursos e oficinas que couberem no bolso e na agenda, mesmo que não sejam nas suas áreas de atuação. Sempre se aprende alguma habilidade que pode vir a ser útil (e conhecimento não ocupa espaço). Aprenda a usar pelo menos uma CAT tool, mesmo que seus clientes não exijam. Essas ferramentas facilitam demais a nossa vida, mesmo na tradução editorial. Aprenda a usar a tradução de máquina (MT) e a inteligência artificial ao seu favor. De novo: alguém vai ganhar dinheiro com essas tecnologias, então que seja você. Faça networking. Apareça, mas apareça bem, de forma que as lembranças de você sejam positivas. Afinal, colegas também podem ser clientes. E não acredite em quem promete ensinar a traduzir e a ganhar fortunas em dólar ou euro em um mês (ou dois, ou três). É tudo lorota. Não é possível fazer promessas ou dar garantias de sucesso, infelizmente.
APTRAD: Alguma coisa mais que gostasse de partilhar com os nossos leitores?
Tradução é mais ofício do que arte na maior parte do tempo. Não é fácil, especialmente no começo, mas é uma aventura que vale a pena ser encarada! E eu tento ajudar com isso sempre que posso, seja nas minhas aulas ou nos artigos e tutoriais que posto no meu site. Se precisarem de uma mãozinha, especialmente na parte mais tecnológica da tradução, não se acanhem. 🙂
Muito obrigado Val por ter respondido às nossas perguntas!
Para saber mais sobre a Val Ivonica, visite seu site Tradução via Val [www.traducaoviaval.com.br] e suas redes sociais em FB [www.facebook.com/val.ivonica], Linkedin [www.linkedin.com/in/valivonica] ou BlueSky [@valivonica.bsky.social].
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Biografia:
Tradutora inglês-português há 20 anos, atuando principalmente nas áreas química, farmacêutica e médica, além de localização de sites, jogos e aplicativos. Geek assumida, macqueira convertida e apaixonada por tecnologia e novidades. Especialista em ferramentas de tradução, dá cursos e palestras sobre o assunto. Serviu dois mandatos como vice-presidente da Abrates (Associação Brasileira de Tradutores e Intérpretes). Participante assídua de congressos nacionais e internacionais sobre tradução. Mantém o Tradução via Val, site no qual publica dicas e novidades para tradutores.