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O mundo foi marcado, nas últimas décadas, por um movimento a galope da globalização e de todo o universo digital. Estas duas frentes que avançaram de forma praticamente universal potenciaram o papel fundamental da tradução enquanto ponte segura entre culturas, considerando a especificidades das mesmas. Mais do que nunca, comunicar de forma eficaz com públicos diversos tornou-se essencial, e os profissionais da área da tradução estão no centro deste movimento.
A globalização trouxe consigo um acréscimo significativo de partilha e difusão de informação, assim como de circulação de produtos e serviços além-fronteiras. Hoje, graças à tradução, as empresas expandem-se para mercados internacionais quase num estalar de dedos e vemos a informação e os conteúdos a espalharam-se em minutos pelo mundo inteiro. Noutros campos, como no universo académico, a tradução tem vindo a democratizar o acesso ao conhecimento, uma vez que permite que investigadores, alunos e público em geral possam ter contacto com conteúdos científicos, técnicos e literários originalmente produzidos noutras línguas. Na prática da tradução, os avanços tecnológicos permitiram o desenvolvimento de ferramentas que representaram, entre outras funcionalidades, o aumento da produtividade dos tradutores e a garantia da consistência dos textos por eles produzidos.
Mais recentemente, assistimos aos avanços incontornáveis da tradução automática assistida por inteligência artificial, sendo que os maiores desafios do mundo da tradução se encontram, precisamente, neste convergir entre o que pode ser feito pela inteligência artificial e o que não dispensa o papel do tradutor humano. Levantam-se, portanto, questões relacionadas com o mercado, com a capacidade da máquina e a sensibilidade do tradutor humano, por exemplo. Acreditamos que em algumas áreas a tradução automática aliada à IA pode realmente servir como parceira de trabalho em termos de pesquisa e como ajuda a processar grandes volumes de informação que resultará, num futuro próximo, pelo trabalho conjunto onde o tradutor humano estará mais presente enquanto supervisor e menos ativo como tradutor.
No entanto, ainda que o papel da máquina possa ser considerado como mais ativo, há que considerar sempre questões como a confidencialidade e a privacidade, factos determinantes em questões de propriedade intelectual, por exemplo. No restante universo das áreas da tradução, é fundamental que não se contornem elementos como a sensibilidade humana, o conhecimento cultural, as subtilezas da língua e do discurso ou a análise de elementos contextuais que continuam a ser apenas detidas pelo tradutor humano e que reduzem a um papel menor a utilização da IA.
Um estudo recente conclui que, quase um terço dos empregos em Portugal, está em risco de desaparecer devido aos efeitos da automação e da inteligência artificial no mercado de trabalho, e que apenas 22,5% dos empregos atuais no nosso país terão potencial para usufruir dos ganhos de produção gerados pela IA. Todavia, pela nossa análise, existem muitas mais profissões que, embora não sejam ainda consideradas como estando diretamente em risco, estão já a sofrer um impacto monumental na sua génese que tem vindo a exigir que os seus profissionais se reinventem e diversifiquem a sua atividade, ou até que abracem novas áreas emergentes nesta indústria.
Afigura-se, para o futuro, uma colaboração entre as duas partes, com a inclusão da IA em alguns campos da tradução e abrem-se também portas a novas profissões nas áreas da consultoria linguística e da acessibilidade, mas há que prosseguir com bastante cautela sem nunca acreditar que a tecnologia pode substituir uma profissão que assenta no conhecimento, na análise e no poder do discernimento, que são propriedade exclusiva do tradutor humano. Talvez, o que sempre nos distinguiu e aquilo que nenhuma máquina conseguirá reproduzir.
Biografias:
Albertina Duarte
Fundadora e diretora da Boreal | Vice-Presidente da APTRAD | Coordenadora Pedagógica da APTRAD | Gestora de Formação e Formadora Certificada Licenciada em Tradução pelo Instituto Politécnico de Leiria trabalha, desde 2006, como tradutora freelancer, maioritariamente nas áreas do Turismo, Empresarial, Assuntos Internacionais e Marketing. Oradora convidada e organizadora de conferências nacionais e internacionais na área da tradução e da interpretação. Trabalhou anteriormente em funções ligadas à exportação, logística, estratégia comercial e apoio ao cliente numa PME. Em 2020, criou a Boreal, uma pequena empresa de tradução e de interpretação, para dar resposta a solicitações em pares linguísticos e em áreas de especialização diferentes das suas.
Paula Ribeiro
Cofundadora e Presidente da APTRAD | Cofundadora e CEO da CWORDS, Lda | Membro do Conselho Consultivo do ISCAP | Tradutora profissional licenciada em Tradução e Interpretação Especializadas pelo ISCAP, trabalha especificamente nas áreas da automação e engenharia, TI, eletrónica de potência e robótica industrial, desde 1997. Organizadora e oradora convidada em conferências nacionais e internacionais de tradução e interpretação, e em diversos encontros universitários. Criadora e fundadora da marca Crossingwords, um atelier especializado de serviços linguísticos onde atende sobretudo clientes industriais e empresariais. Acredita que, como disse George Steiner, «Without translation, we would be living in provinces bordering on silence”
Artigo originalmente publicado em: https://www.businessvoice.pt/online/news/a-traducao-na-era-da-globalizacao-e-do-digital