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Hoje, conversámos com Patrícia Loreto, sobre alguns aspetos da sua profissão, sobre a importância do associativismo e ainda sobre alguns conselhos para a nova geração de profissionais.
APTRAD: Fale-nos um pouco sobre si, sobre como começou a sua carreira e o que é que a levou a escolher esta profissão?
Cresci em Ouro Preto: uma cidade histórica no interior do estado de Minas Gerais. Sempre achei fascinante tentar me comunicar com os turistas estrangeiros e, depois de uma certa idade, mas ainda bem jovem, me apresentava a eles como ‘guia bilingue’ (e pretenciosa) e ganhava umas gorjetas interessantes nessas ocasiões. Quando ingressei na faculdade de Letras, o bacharelado em tradução era o que mais me aproximava desse universo que tanto me interessava. Depois de atuar como tradutora por alguns anos, a transição para a interpretação aconteceu de forma natural. Acho que meu interesse específico pela mineração também surgiu lá na infância. Meu pai trabalhava em uma siderúrgica e me lembro que nos ‘dias da família’ havia palestras sobre a extração da bauxita e sobre o processo de transformar a ‘terra’ em metal. Achava aquilo absolutamente incrível – e, na verdade, acho até hoje.
APTRAD: Como descreveria um “dia normal” na sua vida profissional?
É difícil descrever um dia típico na vida de um profissional que se dedica tanto à tradução quanto à interpretação, mas como 80% do que eu faço é interpretação, vou focar nisso: antes da data do evento, me dedico à preparação. Para mim, a preparação sempre começa pelo entendimento do contexto geral: que empresa é essa? Qual é o posicionamento global deles? O que produzem? Para quem vendem? Quem são as pessoas envolvidas no evento? Por que estão se reunindo? Quais são os principais desfios que enfremtam? Só depois de entender isso passo ao desenvolvimento de glossários e me dedico ao material disponível para estudo. Nos dias entre um trabalho de intérpretação e outro, meu foco são as atividades administrativas e a tradução – são dias mais calmos, nos quais organizo meu tempo melhor, sem estar sujeita ao tempo do outro, como ocorre nos dias de interpretação.
APTRAD: É membro de alguma associação/organização profissional? Se sim, o que a levou a associar-se e, se não, porque ainda não o fez?
Sou membro da APIC, Associação Profissional de Intérpretes de Conferência, que é a associação brasileira que representa os intérpretes de conferência no país. A APIC foi criada nos moldes da AIIC – Associação Internacional de Intérpretes de Conferência – da qual também sou membro efetivo. Além disso, sou membro da ATA – American Translators Association.
Estar na profissão sem estar em uma associação é algo inimaginável para mim. É nelas que reforço minhas melhores práticas de mercado e onde encontro colegas alinhados com meus princípios profissionais. Tenho um respeito enorme pelos profissionais que vieram antes de mim, e tento sempre me espelhar neles para seguir adiante.
APTRAD: Pela sua experiência, o que faz um “bom” profissional nesta área?
No caso da interpretação, é bem comum o pensamento de que uma boa entrega (delivery) é suficiente para que o profissional seja bom, mas para mim vai bem além disso. Acredito que um bom intérprete seja aquele que entendeu que nunca estamos prontos, que o erro é parte inerente do processo interpretativo, mas que persegue, incansavelmente, a melhoria contínua por meio da educação continuada e monitoramento constante. Além disso, creio que o bom intérprete também seja aquele profissional que tenha entendido que, apesar de constantemente estarmos no palco, ele não é nosso. A profissão de intérprete exige, na minha opinião, uma discrição que muitas vezes tem se perdido nos dias atuais.
APTRAD: O que gosta mais e o que gosta menos na sua profissão?
Para mim, a falta de rotina é um dos pontos mais positivos da profissão. Não saber o que você estará fazendo em algumas semanas pode ser angustiante para muitas pessoas, mas para mim é extremamente estimulante saber que estarei indo para lugares diferentes, falando sobre assuntos diversos. Ao mesmo tempo, essa mesma falta de previsibilidade é um dos poucos pontos negativos que encontro na profissão: é difícil estabelecer algumas rotinas específicas na vida pessoal. Por exemplo, manter a atividade física em dia com tantas viagens é bastante complicado e exige uma disciplina que muitas vezes eu não tenho.
APTRAD: Que conselho daria a alguém que quer tornar-se tradutor e/ou intérprete?
Comece por uma formação sólida e lembre-se que o processo de formação de um bom profissional na área tem início, mas não tem fim. Além disso, cerque-se de pessoas que vão te dizer a verdade, e não necessariamente te cobrir de elogios – o feedback sincero é um processo doloroso, mas extremamente gratificante. Em cabine, o turno no qual seu colega está interpretando é seu momento de escutar, anotar, acompanhar a história, ajudar, ou seja, não é hora de atualizar suas redes sociais, mandar aquele orçamento, terminar aquela traduçãozinha. Esteja, de fato, presente. Hoje, as melhores soluções que tiro da manga em momentos de dificuldade na cabine foram soluções que aprendi com colegas mais experientes nesses momentos de espera para o meu próximo turno. Então, esteja lá, de verdade.
APTRAD: Alguma coisa mais que gostasse de partilhar com os nossos leitores?
Aos intérpretes que estejam buscando um ambiente seguro para prática deliberada, gostaria de dizer que faço parte do grupo de intérpretes que organiza as sessões do AmeriVox – um grupo de prática em interpretação que, mensalmente, organiza palestras sobre os mais diversos assuntos para que os colegas possam treinar suas habilidades interpretativas. As práticas são gratuitas e abertas a intérpretes profissionais com ou sem experiência, assim como a alunos de interpretação. Para maiores informações, veja o perfil do grupo no Instagram @ameri.vox
Muito obrigado, Patrícia, por ter respondido às nossas perguntas!
Para saber mais sobre a Patricia Loreto, visite seu site www.hivebh.com e seu perfil no Linkedin.
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Biografia:
Patrícia Loreto é uma tradutora e intérprete de conferências brasileira, especializada em tradução e interpretação técnica, com intensa atuação no setor e mineração e áreas afins nos últimos 20 anos, já tendo prestado serviços para os maiores players globais do setor minerário. É bacharel em tradução pela Universidade Federal de Ouro Preto e especialista em Interpretação de Conferência pela PUC-Rio. Sempre teve uma curiosidade aguçada para as áreas técnicas e adora intermediar discussões que possibilitam a troca de ideias entre profissionais que nunca teriam a oportunidade de participar desse tipo de intercâmbio de soluções sem a presença de um intérprete profissional.