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Tradutores e Intérpretes pelo Mundo – Teresa Cruz

Hoje, conversámos com Teresa Cruz, sobre alguns aspetos da sua profissão, sobre a importância do associativismo e ainda sobre alguns conselhos para a nova geração de profissionais.

APTRAD: Fale-nos um pouco sobre si, sobre como começou a sua carreira e o que é que a levou a escolher esta profissão.

Entrei na área da tradução em 1984 para ajudar uma tradutora ajuramentada (existia esse conceito na época) e nunca mais parei. Tendo estudado num país anglófono durante toda a minha adolescência, e com muitos anos de estudos de francês e latim, tornou-se óbvio que deveria enveredar por essa via para tirar partido dos meus conhecimentos linguísticos. Mais tarde surgiu a oportunidade de fazer uma licenciatura e, obviamente, escolhi Línguas e Literaturas Modernas. Seguiu-se o mestrado em Estudos Anglísticos e ainda um ano de doutoramento em linguística aplicada à tradução, que, por razões familiares, não concluí. 

APTRAD: Como descreveria um “dia normal” na sua vida profissional?

Dedico-me totalmente à tradução, por isso um dia normal de trabalho não tem menos de 10 a 12 horas. Exige muita disciplina, várias pausas para cuidar do corpo e da mente (alongamentos, etc.). Em contrapartida, a vida social fica prejudicada. Gosto muito de trabalhar a partir de casa e de estabelecer os meus próprios horários. Como aspecto negativo, aponto o isolamento social. Felizmente que as redes sociais existem e posso estar em permanente contacto com as minhas colegas. 

APTRAD: É membro de alguma associação/organização profissional? Se sim, o que a levou a associar-se e, se não, porque ainda não o fez?

Sim, sou membro n.º 29 da APTRAD. Sinto que tenho uma estrutura que me pode ajudar se for necessário e para a qual eu também posso contribuir. Além de que têm imensas iniciativas de interesse para os tradutores e intérpretes. Lamento não poder ter uma maior intervenção nestas iniciativas, mas a minha vida pessoal não me permite. 

APTRAD: Pela sua experiência, o que faz um “bom” profissional nesta área?

Rigor, disciplina, interesse/curiosidade, formação ao longo da vida (caso contrário estagnamos), muita leitura, capacidade de pesquisa, respeito pelos clientes e, por fim, ter uma boa rede de entreajuda e cooperação com os colegas.  

APTRAD: O que gosta mais e o que gosta menos na sua profissão?

A vontade que tenho de me superar todos os dias, mesmo naqueles em que me sinto menos “inspirada”. Penso que não existe nada que não me agrade nesta profissão. Aliás, considero que sou uma felizarda. 

APTRAD: Que conselho daria a alguém que quer tornar-se tradutor e/ou intérprete?

Um tradutor deve, acima de tudo, ser honesto para com a profissão. Aceitar apenas os pares de línguas em que se sinta verdadeiramente habilitado para trabalhar. O mercado está cheio de pseudotradutores que mancham a nossa reputação. Recomendo que leiam muito sobre os temas que mais gostam, para poderem investir nessa área. Textos e publicações online, notícias televisivas, livros, entre outros. Investir numa formação adequada, associarem-se à APTRAD, claro, e, se possível, candidatarem-se um programa de mentoria para a partilha de conhecimento e obter as orientações necessárias para abraçarem a profissão. 

APTRAD: Alguma coisa mais que gostasse de partilhar com os nossos leitores?

Lembrem-se que, para além dos vossos clientes, há que investir em relações de trabalho com os colegas. Facilita muito a vossa vida profissional e terão sempre alguém em quem confiar e partilhar experiências. 

APTRAD: Muito obrigado, Teresa, por ter respondido às nossas perguntas!

Se quiser saber como se tornar um associado da APTRAD, consulte aqui [https://bit.ly/3eTVpK0] ou acompanhe as nossas redes sociais em Facebook [https://bit.ly/32Mrkde], LinkedIn [https://bit.ly/3humLZe], no Twitter [https://bit.ly/30IZICW] ou no Instagram [https://bit.ly/3metM5R].

Biografia:

Maria Teresa Lopes da Cruz é licenciada em Línguas e Literaturas Modernas (variante Português-Inglês) pela Universidade Autónoma de Lisboa e Mestre em Estudos Anglísticos – Cultura Inglesa, pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.  

Tradutora de português, francês e espanhol para inglês, e de inglês, francês e espanhol para português desde 1984, principalmente nas seguintes áreas: jurídica, economia e finanças (geral), turismo, indústria, cultura e assuntos europeus. 

Lecionou durante vários anos no Instituto Politécnico de Leiria, no curso de Tradução, entre outros, e foi ainda responsável pela orientação de vários estágios. É proprietária de um gabinete de tradução desde 2008, ao qual se dedica em exclusividade, que aposta sobretudo no mercado nacional.