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Quando em 2015 lançámos a nossa Newsletter, um nosso associado, colega e um bom amigo escreveu um artigo que depois pediu para que não fosse publicado. Acedemos nessa altura, mas hoje gostaria de começar este meu artigo usando a primeira e a última frase desse mesmo texto que, na minha opinião, transmitem exatamente a mensagem que quero deixar a todos neste momento de pandemia e de interrogação: «Acredito na (O)ordem! Acredito na partilha e numa base de união. Acredito no poder da referência, da seriedade, da comunidade…. Acredito também porque temos a APTRAD e, com ela, a vontade de ir mais além. Acredito na (O)ordem.» Eu e os colegas que fundámos, constituímos e trabalhamos na APTRAD diariamente também acreditamos nessa (O)ordem e, hoje mais do que nunca, acreditamos profundamente que essa (O)ordem se impõe e se reveste de extrema importância para todos nós, profissionais de tradução e de interpretação.
As previsões dos especialistas apontam que, no pós COVID-19, apenas como grupo forte e unido, seremos capazes de superar os novos e exigentes desafios que vão sair deste estado de pandemia que agora enfrentamos. Desafios que preveem, entre muitos outros, a requalificação das profissões, uma maior flexibilidade dos profissionais que vão enfrentar uma maior transformação digital, embora num futuro que tudo indica seja mais humano e menos mecanizado – o que para nós profissionais de tradução e de interpretação, são excelentes notícias.
No entanto, estas tendências que agora nos moldam o futuro indicam grandes alterações no que diz respeito às qualificações necessárias para o exercício das profissões, aos espaços onde trabalhamos agora e vamos trabalhar no futuro, às mudanças nas relações industriais e comerciais, à forma como o trabalho é organizado e distribuído e, sobretudo, à forma como o trabalho é recompensado e que terá um impacto muito grande nas nossas vidas diárias e na forma como nós, profissionais de comunicação, trabalhamos. Por tudo isto, precisamos mais do que nunca de estar preparados e prontos para receber estas alterações e de as saber usar em proveito próprio!
Como associação que agrega profissionais, hoje mais do que nunca, cabe-nos a responsabilidade de criar organismos profissionais, de oferecer formação específica e especializada, programas de mentoring, estágios curriculares e profissionais para quem chega à profissão, de organizar iniciativas de sensibilização dos grupos empresariais sobre a importância do nosso trabalho e dos nossos profissionais, de fortalecer o espírito de grupo, de intervir na educação oferecida pelas universidades e escolas profissionais. Cabe a nós, que representamos e agregamos profissionais qualificados, a responsabilidade de garantir o papel social, a dignidade e o prestígio da nossa profissão, de promover os seus valores e princípios deontológicos, de representar a profissão e de defender os interesses, os direitos, as prerrogativas e a importância dos seus profissionais. Somos nós, associações profissionais, quem deve lutar para que os nossos profissionais sejam reconhecidos e regidos pelo direito público, de forma independente e autónoma. Cabe-nos a nós, agora associações de profissionais, lutar pela (O)ordem da nossa profissão e dos nossos profissionais! Cabe-nos, mais do que nunca, interpretar o presente para traduzir o futuro no paradigma dessa nova (O)ordem mundial que se aproxima!
Biografia:
Paula Ribeiro
Co-Fundadora e CEO da Crossingwords | Co-Fundadora e Presidente da APTRAD | Membro do Conselho Consultivo do ISCAP
Licenciada em Tradução e Interpretação Especializadas pelo ISCAP, e tradutora freelancer de inglês, francês e espanhol para português de Portugal, especializada nas áreas da automação e engenharia, TI, eletrónica de potência e robótica industrial, desde 1997. Organizadora e oradora convidada em conferências nacionais e internacionais de tradução e interpretação, e em diversos encontros universitários. É criadora e fundadora da marca Crossingwords, agora um pequeno atelier de tradução e interpretação onde atende sobretudo clientes industriais e empresariais. Acredita que, como disse George Steiner, «Without translation, we would be living in provinces bordering on silence!”