AS ESPECIFICIDADES DA TRADUÇÃO AUDIOVISUAL

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AS ESPECIFICIDADES DA TRADUÇÃO AUDIOVISUAL

A tradução audiovisual (TAV) é aquela que chega a mais público e, consequentemente, é a mais escrutinada. Nas redes sociais, há críticas a certas legendas, a certas escolhas, a determinados erros, algumas bem apontadas, outras nem por isso. O que elas demonstram, muitas vezes, é muita falta de informação sobre o trabalho que está por trás da tradução audiovisual e dos desafios desta atividade.

O tradutor de audiovisual não traduz como quer, não pode usar notas de rodapé e tem de ser exímio a condensar, pois tem de seguir determinados parâmetros como número de caracteres, tempos máximo e mínimo de duração, intervalo entre legendas e tempo de leitura que são específicos para cada cliente. Felizmente, os softwares de legendagem dão uma ajuda e é possível gravar estes parâmetros em perfis próprios, evitando uma perda de tempo a configurar o software de cada vez que se inicia um trabalho. Além disso, o tradutor pode ou não ter o seu trabalho facilitado com os materiais que o cliente lhe fornece, nomeadamente o guião.

 Ao longo da minha carreira, já tive acesso a guiões excelentes e a guiões de péssima qualidade. Quando nos calham estes últimos, devemos informar o cliente da sua má qualidade e esperar que nos facultem um melhor, o que é sempre uma incógnita. Se tal não acontecer, o ideal será guiarmo-nos pelo vídeo, pois assim não perdemos tempo a procurar termos que foram mal transcritos ou que nem sequer foram transcritos. É então que se levanta uma outra questão importante: o acesso ao vídeo. O tradutor de audiovisual nem sempre tem acesso ao vídeo. Há trabalhos de legendagem que muitas vezes são feitos sem vídeo, o tradutor só tem acesso ao guião ou a um template em excel, por exemplo. Também há vídeos que não são a versão final por motivos de proteção de dados/fuga de informação, o que condiciona a legendagem, pois o tradutor perde o elemento visual muitas vezes indispensável para uma boa tradução.

No lado oposto, há programas que são “tirados de ouvido”, ou seja, não têm guião. O tradutor tem de ser capaz de ouvir o áudio e traduzir a partir daí. O desafio prende-se com a qualidade do vídeo, do áudio, compreensão de dialetos e sotaques. Acontece ainda o caso de o software de legendagem não ler o vídeo. É preciso fazer conversões, ter programas adequados de leitura de vídeo e saber trabalhar com esses programas. Tudo isto perante um prazo subjacente que raramente é o ideal para um trabalho perfeito.

Assim, tentemos compreender melhor esta profissão e ajudarmo-nos para que se possa melhorar as condições de trabalho e os proveitos do mesmo.

Biografia:

Maria Joaquina Marques

Tradutora de Audiovisual

www.artetav.com

Licenciada em L.L.M – Inglês/Alemão, Tradução de Inglês, trabalha como tradutora desde 2006, tendo-se especializado em tradução audiovisual em 2009 e trabalhado na área desde então. Faz parte da equipa TAV da APTRAD e também é mentora no Programa Mentoring da APTRAD.

Gosta de ler, escrever e há 25 meses que tem um novo desafio: ser mãe!